In-son"h"a
Ele não pode sonhar alto,
É baixinho;
Nem fingir que é feliz
Pois não tem dente;
Nem correr atrás do sonho,
Está descalço
Há espinho no caminho
Pela frente.
Ele não pode reclamar,
Não tem letras,
Nem contar suas dores
Infeliz-mente.
O céu é igual para todos,
Dizem a ele,
Mas ele sabe que o seu
É diferente.
Ele sabe que sua noite
Não tem lua,
Sabe também que seu dia
É doente.
E não pode reclamar
A sina sua,
Deita, insonha, cala, a dor,
Só, sente.
Ele não pode nem ser ele,
Coitadinho!
Vive a fingir, numa vida
In-diferente.
Vai lentando atrás do sonho,
E os espinhos
Vão calçando seu caminho
Pela frente.