O QUE NINGUÉM QUER VER

O QUE NINGUÉM QUER VER

Olho em torno da efervescência da vida rotineira

E vejo pessoas ambivalentes. Vêem o que querem ver

Porém falam o que não sentem. Impõem fronteira

Para o cérebro vaidoso, e importa-se com seu bem viver.

Ando pelas ruas da minha cidade e contemplo a arquitetura

Prédios, casas,... Monumentos que para os olhos são a cura

A história está por todo lado e orgulho-me dos meus avitos.

Do trem que foi extinto onde acenávamos para os seus apitos

À nova Avenida Afonso Pena que se ostenta com altanadice

Entretanto, meio a todo esse contraste achata-se a estroinice.

Vejo o dormir do mendigo ao amanhecer deitado no papelão

Seu corpo reduz-se de tão vergado que é para aquecer o chão.

Vejo a mãe de tantos filhos ensinando-os a serem pedintes

Que de caneca na mão já são profissionais, têm os requintes.

Adolescentes criminosos vadiam-se em furtos costumeiros

Tínhamos de por seus pais em escolas, para serem Brasileiros!

Vejo o cego de olho remelento a quem viramos a cara com asco

O deficiente físico pedindo auxilio para atravessar a rua

Os meninos que torcem nosso lixo, buscando comida crua

E a gentileza está ajoelhada, esperando o machado do carrasco.

A esperança dos sem esperança é que ao menos os enxerguemos

Mas quão mais cego somos que a eles nos despreocupemos?!

Vejo o futuro como um revólver apontado para minha cabeça

Com balas de um passado horrorizado com quem os esqueça

E envergonhando-se do nosso presente, almejando o tiro clemente.

O progresso ainda não alcançou o coração, a alma do ser humano

Ele precisa sofrer mais, odiar mais, para aprender a ser eminente

Pois somente assim, na dor, nos especializaremos num amor soberano.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 29/07/2012
Código do texto: T3803738
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