SUBORNARAM A NOSSA MISÉRIA

Certo dia alguém comprou meu voto, e eu o vendi com o maior prazer...

Faço parte da fome e da sede, da seca e da enchente, mas sou gente!

Tenho poucas alegrias nesta vida, mas uma delas eu senti naquele dia, e era dia de eleição...

Em minha mesa havia fartura, meus filhos comiam felizes, quanta satisfação!

Votei sem escolher, votei sem esperança, mas não foi em vão, naquele momento ninguém traiu minha confiança.

Não tínhamos televisão, escola, comida, nem tão pouco, condução.

Mas ouvíamos ao longe, algumas vozes dizerem que voto não era moeda de troca

Ora, quanta lorota! O que seria então, se só temos direito ao não.

Para mim, tudo isso distante de minha realidade naquele instante.

A única voz que eu conhecia eram gritos da minha família

Onde meus filhos choravam de fome e minha mulher desfalecia...

Em muitos dias nada se via, nada se ouvia, nada mudava para nós.

Sem um trabalho para sobreviver, o que nos restava senão nos vender?

Nossos sonhos já haviam morrido, mas o corpo continuava vivo.

A confiança nos políticos para nós era armada e assim nossa palavra era confiada!

A fome matou a nossa ética, o poder comprou a nossa miséria

vendemos a única coisa que ninguém nos roubou,

nosso direito de escolha!

Somos forçados a votar, e nos criticam quando escolhemos não fazer.

Estamos na mira, servimos de alvo, somos expostos em vão;

Mas, o que fazem para melhorar esta situação?

Abaixo a hipocrisia , desapareçam com as criticas

Só quem sente a dor da fome, sabe o que é padecer

Eu vi rolar sobre a face de meus filhos lágrimas de dor.

Não conheço princípios, nem tão pouco entendo de leis,

Mas se existe uma coisa que sei, é que preciso sobreviver

Portanto estou me lixando para todo este poder, represento o índice que fica abaixo da linha de pobreza.

E dele preciso nos defender.

Talvez um dia eu acredite em promessas, talvez eu possa me ofender, me indignar.

Talvez eu possa me negar a vender, denunciar e talvez posar de cidadão politicamente correto...

Mas hoje minha consciência briga comigo, este dinheiro não nos deixa estar famintos;

Mata a fome de meus cinco filhos e é muito bem vindo!

Luciana Corrêa
Enviado por Luciana Corrêa em 08/10/2012
Código do texto: T3922331
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