DESERDADOS

Nesse mundo de meu Deus

já vi muita coisa boa,

muita coisa ruim;

nunca pensei que os olhos meus,

ainda fossem ver coisas tão tristes assim:

os olhos encandeados, pupila alterada

pelo fogo saindo do chão,

a terra seca, torrada,

machuca e faz chorar o coração.

Plantas e bichos vivos, pouco se vê;

o que está de pé, é osso e galho só.

Os galhos secos, para o céu voltados,

parecem a Deus querer pedir clemência, dó.

Os olhos esbugalhados

dos meninos do sertão

refletem a dor dos deserdados

que na vida, sem opção,

procuram, desesperados,

não morrerem de inanição!

Feito moscas, dos anjinhos, os corpos caem;

parecem bichos abandonados, sem dono.

Pelo mundo inteiro saem,

as notícias e imagens do abandono!

A miséria é profunda;

a fome, mal sem razão.

A sociedade torpe, imunda,

reprime, sonega solução!

A coisa pior, mais triste e medonha,

é que aqueles que estão distantes,

sentem nojo, medo e vergonha

quando, em suas cidades, surgem os retirantes!

Eu pergunto, meu Deus:

até quando isso vai durar?

Será que os tristes olhos meus,

para sempre irão chorar?

Meu Deus, tenha dó

desse povo sofrido,valente, resistente...

que basta uma ajudazinha só,

para crescer, virar GENTE!!!

ILTROVADORE
Enviado por ILTROVADORE em 02/01/2013
Código do texto: T4063233
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.