CANTO DE IRMÃO
Mesmo fechadas as portas
De muitos corações
Segue com força e coragem
Por entre as multidões.
E num acorde sincero
Da viola e do tambor
Denuncia as torturas insanas
Que escravizam o amor.
Não tema, os canhões e fuzis
Desses homens tão vis
Desses pobres poderes
Porque a lua insiste em brilhar
Para todos os seres.
Saiba, nem todos os homens
Tem o dom da criação
Muitos precisam da luz
Que ilumina a tua visão
E essa energia sublime
Que emana do olhar
Mostra que a união
Faz a força pra lutar.
Quando o povo puder respirar
O ar puro da liberdade
Ver os frutos do pomar
Divididos com sinceridade
Toda a gente vai se abraçar
E a praça vai superlotar
E o mundo a uma só voz vai cantar.
Esse meu canto mestiço
Púrpura rosa que sangra
É mais um canto de irmão
Sobrevoando a cidade
Pregando a fraternidade
Pra mudar essa nação.
Do livro Antologia poética PASSA NA PRAÇA QUE A POESIA TE ABRAÇA. RIOARTE, 1990.