Moço que vive nas ruas
Te vejo parado, deitado
Sem tino ou destino
Moço que vive nas ruas
Seu corpo se cansa, não é mais criança
Saúde te afeta, uma vida sem metas
Moço que vive nas ruas
A noite está fria, fica em vigília
Cuida dos seus filhos, jornal, cubra o chão
Moço que vive nas ruas
Sem dignidade, procura vontade
Sai em busca do pão
Moço que vive nas ruas
Pessoas que passam, não sentem sua sina
Dinheiro é incerto, comida tampouco, aceita essa sorte
Moço que vive nas ruas
Presença que espanta, não causa piedade
Mas medos nos outros, o medo dos roubos
Moço que vive nas ruas
Vítima do sistema que o mundo condena
A viver sem um teto, humilhado em farrapo
Moço que vive nas ruas
Esposa humilhada vendendo o seu corpo
Crianças nos bares, tentando um troco
Moço que vive nas ruas
Andar vagabundo, homem desconjunto
Sua vida incomoda aos que vivem na roda
Moço que vive nas ruas
Que saia das praças, que entre nas covas
Prisão nas cadeias, assim não é visto
Moço que vive nas ruas
Da sociedade justa-democrática
Que assina em baixo: “voto é liberdade”
Moço que vive nas ruas
Do capitalismo, do mundo egos-cegos
Há luxo para poucos e crianças sem teto.
Andrea Cabral(23/11/2006)