PELAS RUAS, UM OLHAR
Pelas ruas, criança
pede um pedaço de pão.
Não traz no olhar esperança,
é frio o seu coração.
Corpo se arrasta, franzino,
sem tempo para brincar.
Nada mais que um menino,
sem rumo é seu caminhar.
Procura um gesto, um carinho,
que o faça, enfim, renascer.
Mas pelas ruas, sozinho,
dos sonhos parece esquecer.
Pés descalços, feridos,
fome a cada despertar.
Passado e presente perdidos,
futuro, sem brilho, no olhar.