Para os Estranhos e Desgarrados

Esse é um poema

para todos os desgarrados,

para todos os estranhos,

já tão acostumados

com a crueldade do rebanho.

O rebanho te mostra bem cedo

o que é sentir medo (constantemente).

As garotas não te querem,

te ignoram gratuitamente.

Os garotos também não entendem,

e garotos destroem aquilo que não entendem.

Você é satirizado, você é crucificado

junto com uns outros poucos cristos.

Enquanto o rebanho, a massa, brinda ao sol,

os desgarrados se escondem nos cantos,

formam guetos, a escuridão se torna seu manto,

assim ninguém te vê, ninguém te acusa,

ninguém te abusa.

Quando adulto, você bebe, você se isola,

precisa fingir todos os dias que é um deles,

mas você se tornou forte, não mais chora.

Anos em lugares vazios e afastados

fazem dos desgarrados

seres resilientes e indiferentes.

Já é tão natural não se encaixar,

que um reconhece o outro apenas pelo olhar.

Você sabe que não é especial,

você sabe que não é importante,

isso está no seu semblante

e isso não te assusta.

Você suporta toda estupidez do mundo,

e sabe que terá de seguir suportando,

afinal, você sempre suportou.

Não sei como terminar esse poema,

mas assim como nós, é melhor que termine quieto

nenhum outro jeito me parece tão certo...

V. R. C.

Vinícius Risério Custódio
Enviado por Vinícius Risério Custódio em 16/03/2014
Reeditado em 30/04/2016
Código do texto: T4731687
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