"Ana"

Já estava tudo programado

Já estava tudo cronometrado:

Quarenta e oito horas para ver o meu amor

Quarenta e oito horas para acabar com esta dor...

Chegou o dia tão esperado

Ensaiei um bonito discurso

Tomei um banho decente

Purifiquei corpo e mente

E até me vesti como gente.

“Ana” já me esperava sorridente,

A mãe me olhava desconfiada

E o pai, carrasco,

Sugeriu que fossemos para o seu quarto:

- A sós!

Enquanto isso, mãe e filha

Discutiam a meu respeito:

Ana me defendendo

E a mãe...

Mas a discussão foi interrompida

Com um som agudo de tiro

O desespero de Ana era visível em seus olhos,

Correu para o quarto e ali só viu o pai,

Olhar contente, satisfeito

E o meu corpo, ensangüentado no peito,

Covarde,

Mas perdoei.

Cinco anos depois, ainda assisto de camarote

O desfecho desta estória:

A mãe se arrepende até hoje

De não ter um dia me escutado,

O pai foi condenado

Mas não se arrependeu,

E Ana, pobre Ana,

Tento pretegê-la da melhor forma possível...

PoeTa DaHLua
Enviado por PoeTa DaHLua em 09/05/2007
Reeditado em 06/11/2012
Código do texto: T480854
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