Cãs Brancas
Autor: João Geraldo Orzenn Mattozo
(pseudônimo: Aprendiz Parnanguara)
(Versão oficial para o II concurso de poesias Julia da Costa)

Seguem-me teus olhos a tempo castigados,
Que mãe nenhuma implore amor a seu filho,
Que mãe nenhuma fosse largada num asilo.
Me maltrata o olhar. Vi-os tão desanimados...

A franzina senhora, fofos olhos em mim fitados,
Disse-me baixinho: - Preciso de ajuda meu filho,
Diga-me, como faço para fugir deste asilo,
Não aguento mais isto! Vi-os desumanizados...

Cadê o chão? Do coração a tristeza aflora,
Fui amparado desde a mais tenra idade,
Acalentado eu fui, cresci com dignidade,
Acaso o amor é flor que velha se joga fora?

Dizem que os destinos estão traçados,
Sei muito pouco disso ou daquilo,
Para mim cada ser humano é um silo,
Uns, sem nada. Outros, plenos, lotados!

Às vezes os peitos estão apertados,
A sensibilidade a zero, nenhum quilo,
Tudo o que vem parece ser um grilo,
Deus vive com ricos e favelados!

Fujo do olhar que minha face rubora,
Ele me leva a ter contigo cumplicidade,
Mundo de vaidade, até a vida é vaidade,
Amor até o tempo te leva embora!

Sem qualquer esperança a gente chora,
Meu abraço te dê um pouco de felicidade,
Teu olhar contagie minha mocidade,
Veja à volta quanta gente amor te implora!

Amargo murmúrio gelou-me, Eleonora,
Passa a vida com tamanha velocidade,
Não me dei conta de sua brevidade,
Demorei olhar para quem no asilo mora!

Quem muito precisa, espera a morte mudo...
As cãs brancas dizem-me palavra amiga:
- Carrega vezes mais o seu peso uma formiga,
O homem não aguenta o seu próprio, contudo!
Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 25/08/2014
Código do texto: T4936573
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