A Grande Queda

O primeiro deles causou a própria morte

E nada disso foi surpresa.

Vez por outra na veia dos pulsos há um corte

No cadáver do qual se livram com destreza.

Mas outros apareceram.

Os números de mortos cresceram,

Operários, agricultores, todos tipos de trabalhadores,

Todos suicidas.

A sociedade sentia as contrações e dores

Da crise a que logo daria a luz às escondidas.

Quem plantará nossos almoços?

As mães ricas perguntavam.

E as roupas, sapatos, cadarços?

Os empresários queriam saber.

Pouco a pouco o mundo ruiu

Sem seus construtores.

Tudo o que sobrou por fim caiu

Quando o último operário morreu,

A última tecelã se enforcou

E o último fazendeiro em si atirou.

Aqueles inúteis para quem o ego era tudo

Ficaram sem saber o que fazer,

Sentindo-se finalmente sem poder

Apesar de todo o dinheiro nos bancos.

Sem o que comprar com o papel colorido

O mundo estava acabado, é o que ficou decidido.