PASSO COMPASSO
Andemos, andemos
gado de corte, passemos
para o outro trem.
Passivos, passivos
na consentida ilusão, passeemos.
Com corpos doloridos, nos movemos.
Do sono impossivel, acordemos.
Nos passos, compassados, nos doemos.
Em levas inauditas, nos levaremos
ao fim do mundo, o qual nunca imaginamos.
A voz metalica da mulher do Metrô, que nos oriente.
Somos muares, explosivos sem pavios
ou multidão no porto, olhando longe o horizonte.
Sem remissão, ficamos só a ver navios.
Ricardo S. Reis