PASSO COMPASSO

Andemos, andemos

gado de corte, passemos

para o outro trem.

Passivos, passivos

na consentida ilusão, passeemos.

Com corpos doloridos, nos movemos.

Do sono impossivel, acordemos.

Nos passos, compassados, nos doemos.

Em levas inauditas, nos levaremos

ao fim do mundo, o qual nunca imaginamos.

A voz metalica da mulher do Metrô, que nos oriente.

Somos muares, explosivos sem pavios

ou multidão no porto, olhando longe o horizonte.

Sem remissão, ficamos só a ver navios.

Ricardo S. Reis

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 30/05/2007
Código do texto: T507719