Cegueira
As delicadas nuances da convivência
Todas confundidas, deturpadas
Até quando o homem será assim?
Valores inúteis, prioridades inúteis
Olhando apenas seus próprios narizes
Não quero ser humano
Talvez estejamos todos fadados ao individualismo
O ciclo não para
Pensar no outro se torna inútil
A perspectiva é sempre a de vítima
Uma boa ação se torna má
Aos olhos do egoísta
E faz sofrer o altruísta
Será essa a diferença?
O que é correto?
Se aos olhos turvos
O bem vira mal
O correto é ser incorreto?
Tal compreensão foge
Até da capacidade do mais sábio
A fórmula parece muito simples
As ações devem ser compatíveis
Um altruísta não pode viver
Enquanto o egoísmo o impedir
O egoísta não pode viver
Enquanto olha através de um véu opaco
Me deprime saber dos vãos esforços
Das tentativas frustradas
Da mera empatia
Tudo arruinado
Talvez o homem seja mesmo assim
Sua natureza individualista
Seus julgamentos tolos
Vivemos em sociedade, sim
Que sociedade pode se desenvolver
Se todos pensam em si mesmos
Se todos julgam os outros como culpados
Se é mais fácil olhar pro lixo alheio
E se você esquece do seu próprio?
Minha esperança é de que um dia isso mude
Que um dia por todos a bondade se estude
Só assim a justiça se implanta
Só assim o ego se espanta