O camponês
O camponês dá carinho à sua terra,
como carinho dá o filho à sua mãe.
O camponês, tempos atrás cultivava
seu sustento,
hoje o que faz
sustenta o banco
e mais alguém...
O camponês bebia
água da fonte.
Hoje tem sede,
a fonte secou também.
O camponês ainda cultiva sua fé, olha pro céu pra ver se ajuda vem... O camponês se une com outros roceiros. Se organizando, algum dinheiro até que vem... Se a coisa aperta o camponês busca
outras terras onde há promessa de uma vida que convém.
Se não dá certo,
o camponês vai
pra cidade,
Ser favelado,
bóia-fria, zé-ninguém.
Lembra da terra,
sua mãe, o camponês,
e reforma agrária
ele quer fazer também.
Se não conquista a terra,
o camponês morre de tédio,
pois a cidade para ele dá desdém.
Mas, quando morre, o camponês conquista terra,
embora sejam poucos palmos que lhe convêm.
Mas pouco tempo pra usá-la tem o camponês,
já que logo outros roceiros também vêm,
disputam a terra pra descansar também...
(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).