Novos bárbaros

Nas fímbrias da cidade proliferam favelas e cortiços

e às mazelas em avanço se incorporam novos vícios.

Fortes grades, grandes muros se anteparam à violência.

Fragmentam-se as fronteiras, separando luxos, lixos...

Prostituem-se mulheres, disseminam-se misérias.

E sobre velhos, jovens, crianças

(nos campos e cidades, palcos de beleza)

invade, avança, alcança o “espetáculo” da pobreza.

É insano o universo

da acumulação agrário-urbana,

é brutal o insucesso da desigualdade profana

que barbariza a “civilização” que se derrama

Enquanto isso, fogem as elites em disparada

para as “mini-cidades de muralhas feudais”

hodiernamente (re)inventadas...

Fogem das armadilhas sociais iradas,

frutos de políticas por si mesmas criadas.

Amiúde, construindo Assim se refundam

e derrubando muros, os novos bárbaros

a cidade, em apuros, e gladiadores dos tempos globais

aparta cada vez mais: reinventados e controlados

em espaços capitalistas, seus locus e dotes arquiteturais

executivos especializados, e modernos urbanismos

trabalhadores braçais, recriadores, em simultâneo,

(sub)desempregados. de degredados arcaísmos...

Assim se vão lançando as bases

da cidade do futuro

viciada em tecer emblemáticos novos muros

diante dos novos bárbaros, em franca expansão,

considerados filhos bastardos, sendo, entretanto, filhos legítimos da modernidade obtusa

uma vez que gestados no ventre

da própria cidade que os recusa...

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).

Luiz Carlos Flávio
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 15/05/2015
Reeditado em 16/05/2015
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