DESUMANO
Movimentando uma lixeira
Parecia um grande bicho
Mas no meio daquela sujeira
Procurando comida no lixo
Via se a figura de um rato
Me desculpe pelo engano
Mas era um pobre humano
Se fosse realmente um rato
Nem o mais faminto gato
Perderia o seu tempo
Correndo atrás do coitado
No fundo profundo do poço
Com pouca pele e bastante osso
A cabeça miúda feita um caroço
E uma imagem que arrepia
Tira a alegria e causa alvoroço
O pobre moço sem nome
Faminto de fome
Come o resto de alimento
Que não serviu para o resto do povo
Mas que por breve momento
O traria força de novo
Pra continuar procurando
Andando e vagando
Por seu destino desumano
Mas que pena, que terrível engano
Daquele esqueleto animal
Pois quem revira lixo não é humano
Nesta desigualdade social