JUSTIÇA E CIDADANIA: A GEOGRAFIA DO CIDADÃO
Uma justiça injusta,
burra, cega, despótica, elitista,
seletiva, leniente, anti-povo e lenta
só pode se traduzir naquilo que nos faz
brasileiros descrentes
em uma justiça que dá medo
por ser mero arremedo de justiça.
Uma justiça
que só age injustamente
se faz pura demagogia.
Faz-se feitura
que corrói o direito e a democracia
de um povo, de sua cidadania
tecida à imagem e semelhança
da desesperança distribuída (ao povo)
pela justiça cega e lenta.
Tal justiça, sem socorro,
semeia e reinventa todo dia
a covardia
como arma da riqueza
contra a pobreza
entornando toda cidadania
como algo que jaz
todo santo dia,
algo que morre podre e pobre,
abandonada à revelia.
Cidadania de mentira que,
como a própria (in)justiça,
é algo que nos tira a nobreza
e nos atiça ao cultivo ativo
de corrupções ativas-passivas.
(In)justiça e cidadania de mentira
caminham todo dia lado a lado,
tornando almas e vidas pactuadas
por uma sociedade corrompida.
Sociedade que se torna demente,
como a própria vida
construída à imagem e semelhança
de (in)justiça e cidadania
que engendram vidas sem saídas,
já que cegas, lentas, lenientes,
indecentes, deprimentes...
Vidas as quais são traduzidas
nas pobres geografias
que nos circundam todos os dias.
(Luiz Carlos Flávio)