Espelho
Pluvia via a si mesma
Refletida na água
Trêmula era
Desfocada estava
A correnteza era culpada
Seu curso distorcia
Seu rosto que desconhecia
Uma cortina de água
Ela retirou do movimento
Que sem seguir o percurso
Endureceu por desuso
A distorção da imagem
Protegia a verdade
Pluvia desconhecia
Que o espelho fala demais
A imagem que via
Não era a imagem que queria
A nitidez melhorara
Mas sua aparência, piorara
Frustrada ficou,
O espelho estilhaçou
E melhor amiga da corrente
Ela se tornou