Sextilha aos refugiados na Europa (triste realidade desse ano de 2015)
Bateram à minha porta,
levantei-me para atender;
meu coração ali se corta,
pois minha mão passo a estender
a uma síria com uma criança,
coitadas sem nenhuma esperança!
Ando pelas ruas a caminhar;
vejo um homem africano;
não, não posso ignorar
a dor sofrida por este fulano
ao carregar seu filho desfalecido.
Sim, meu coração fica enternecido.
Pois é, ainda assim eu vou ao Cinema.
À entrada vejo uma família, o pai...
Paira-me ridículo dilema...
Mas não, eu ouço um “ai”
daquelas crianças em agonia,
com a mãe e estes filhos necessitados, assim se via!
Não compro o ingresso,
o dinheiro eu lhes dou.
Aquele entretenimento lhes ignora o acesso.
E a guerra os arrastou...
Esta realidade o Cinema esconde...
Sim, a guerra os arrasta a cada canto do mundo que responde
muitas das vezes com indiferença
ao sofrimento alheio e factual!
Mas agora não há mais diferença!
A miséria grita no meu quintal!
Miséria destes que clamam por socorro,
e a este grito em uníssono eu acorro!
Pois é, o mundo ficou deveras pequeno.
Uma “Pangeia” nascida do sofrimento!
A dor destila o seu veneno
para nos mostrar o atual momento
em que se encontra este que bate à minha porta, que encontro na rua...
Vítimas duma realidade que persiste em ser nua e crua!