Sambando em Braille

E daí se o Brasil quer afundar sambando,

Falido vagabundo, fingir que está podendo

Afinal, som de tamborins e cuícas, subindo,

Já fazem, de norte a sul o mesmo estrondo,

Chamam a bailar ao velho cego, moribundo...

Não dá pra esperar de prostíbulos, as castas,

Digo, sobriedade de ébrio viciado em festas;

drogam orelhas, enquanto apagam as pistas,

velho babão samba co’a quadrilha nas costas,

que enriquece meteórica, às públicas custas...

Incentivos oficiais ao necessário chaca-chaca,

que fica mais fácil após o ritmo do reco-reco;

lá vão o Zé a Zefa, com cérebros de tico-tico,

engolir pimenta, jurar que comem bom-bom,

justiça se dane, o que importa é o vuco-vuco...

Satisfazem o clamor, tentam o boi de piranha,

Para mostrar que a corrupção acaba na lenha;

Escolhem uma curva apenas na tortuosa linha,

Não mudam travesseiro apenas trocam fronha,

cem ladrões na mira, apontam apenas o Cunha...

As estripulias tantas, que o mago marketing faz,

Hipnotizam serpentes caem no truque outra vez;

Parece que, sádica, a sorte, engana, por um triz,

Se dizem dos pobres, miséria logo verá sua foz,

Pobres de caráter, aptidão, vergonha, e de luz...