olhar de dor

Amigos, conhecedores de minhas marcas,

Questionam o porquê de minha melodia.

Nos olhos, carrego dores antigas,

Ó, surdos ao meu lamento, não veem a agonia.

No que em mim é grande, ainda assim sou pequeno,

Irradio para despertar algum sentido.

Para que saibam, em atos e palavras,

O que pulsa na essência do ser vivo.

Na esquina, encontrei a morte, um diálogo inusitado.

Discutimos sobre Marte, sobre o cometa Halley,

Nada sobre a efêmera vida, apenas o céu estrelado.

Jovens de feições nobres e estranhas,

Estendem conversas ralas,

Como cordas em estacas, tensas, pesadas.

Ó, peito, alvo de lâminas,

Por que mascaras tua fúria?

Por autoengano ou temor,

Depois, arrependido do que não fizeste, se...

Mesmo só em pensamento,

Passo adiante o pesado manto.

De nada serve o fardo

Se no outro não reconheço o pranto.

Vejo em ti, aprisionado em ti mesmo, suor,

Para ser digno, adoça teu ser,

Sangue para viver precisa doar,

Mesmo que seja em um abraço a acontecer.

Em preto e branco, em mim existo,

A divisão de terras, uma estratégia de vida.

No íntimo, atinjo o profundo e afirmo:

Tu és teu próprio Deus e demônio,

Professor e aluno, na mesma lida.