Esses homens-hora

Esses que fazem

E mais se desfazem

Esses que levantam as paredes

E não se abrigam dentro delas

Edificam os telhados

E são os órfãos nas tempestades

Esses que aprumam as portas

E são expulsos pelos interfones

Esses mestres de azulejo luz e carpetamento

Esses homens-hora

Pintores quase artistas

Carapinas caprichosos

Encarregados bombeiros pedreiros serventes

Que quando mais não servem

Se veem cuspidos para não-sei-longe

Ceilândias invasões

Condenados a gerar com mínimos salários

- em colchões a crediário –

Os seus substitutos

Na ciranda deste sacrifício

(Taguatinga, DF/1984)

William Santiago
Enviado por William Santiago em 21/02/2017
Reeditado em 22/02/2017
Código do texto: T5919604
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