dói o "do it"
socorre! que eu já não posso mais com esses apelos
com esses apelos insanos de tão coloridos, apetitosos de vistosos.
que é demais pra mim tanto imperativo,
que é uma honra ao mérito de nada.
não posso mais com esses apelos que são maiores do que eu
são altos, altíssimos out-doors que anunciam,
que me denunciam pequeno a um mundo.
me manipulam com as massas,
como massa de modelar
modelos me dizem do que eu preciso
que eu preciso é de não ser.
socorre! que a cabeça 'tá virada, colorida, angustiada
que eu preciso comer do X e vestir do Z
mas eu preciso é de comer e vestir
(e de vestir nem tanto que faz calor...)
e "ai" é dizer que eu preciso de menos, de simples
porque é cafona demais estar perto de mim
e longe dos nomes que escondem nomes de homens.
socorre! que ser voz que clama no deserto já não é forte
e a voz não é infinita- só pode ecoar.
e é forte a mentira que contam
sobre quem tem os quês e não os quens
e omitem que quem sucumbiu às súplicas suculentas
não exibe dentes brancos
e pediria todo seu dinheiro de volta
se estivesse sete palmos acima.
se metem a crimes de tortura perpétua
abafando o fúnebre finale.
se o caso é de precisão
precisa-se de muito menos fora
e de muito mais dentro.
mas o sofisma convence
porque é menor esforço dar um papel e ser uma pessoa
do que construir uma pessoa com os tijolos dos dias.
socorre! que a mentira da vez é só porque
também colei um alfabeto inteiro de letras coloridas
e um portfólio de muito sorridentes imagens
bem em cima da minha identidade.