Cotidiano: a vida como ela é...

O cotidiano é um amigo

que a vida me apresenta,

com suas faces e abraços, seus laços e fundamentos.

Como diria Nelson Rodrigues, e nisso eu boto fé:

o cotidiano é o que abriga a vida como ela é...

Nele moram os compassos do mundo que, todo dia,

marca os tempos e espaços

que traçam nossas geografias.

Por ele é que sempre passam

nossas vidas, em suas sagas

sejam dadas ao trabalho,

sejam dadas ao sagrado

sejam dadas ao lazer,

ao prazer

e à alegria,

moldando espaços e paisagens que invadem as nossas vidas nos mais infinitos estrados dos lugares encontrados pelos campos e cidades.

Meu amigo cotidiano

por vezes é bem tirano.

Mas às vezes é consagrado

àquilo que é tudo de bom...

Ele é a vida nua e crua

que segue em suas lutas,

rumos, lições e ações

nos territórios em disputa

por liberdades e servidões...

Nele eu vejo a mãe-natureza

a qual sustenta e gera a vida,

nos proporcionando alegrias

e muita coisa de beleza,

mas sendo também agredida

por feridas e tormentas

contra ela desferidas...

Como se vê, ele é o portal

onde a vida toda entra,

onde goza de portento,

tanto quanto se arrebenta

ou mesmo se reinventa,

sendo o ventre fundamental

do local e do global que se entranham no humano

tomando o seu lugar, a (tran)formar a sua essência.

O cotidiano é um mundo onde um tudo pega assento.

Por isso eu o estudo e fico sempre muito atento a tudo que ele apresenta

de conteúdos e rebentos...

(Luiz Carlos Flávio)