COMUNISMO DO ESPÍRITO

Chega então o dia

do coração do coração

trespassado por esta seta de

nossos dias

em que nada mais é pessoal.

E em que toda claridade,

todo brilho e reflexo recolhido

do desmembrado caco do espelho,

do sílex, da areia

dos castelos de infância derrubados,

se derrama, é de todos nós.

Cada vez mais sem bens nem males,

sem dualidades

de confessas, intangíveis alegrias

ou dores, perdas e mortes.

Cada vez mais inefáveis neutralidades.

Quem será o juiz de tudo isso?

Por amor, confio, em seu beijo de explosão

solar. Por amor, mesmo sem sabê-lo,

sei que apenas: confio.