Mar de lágrimas cristalizadas
Pela dor e o suor
Do boliviano que vive
No mar de montanhas andinas

Cada grão de sal
É uma gota de lágrima
Chorada pelo boliviano
Que leva uma vida salgada

Cada grão de sal
É uma gota de lágrima
Da criança e da mulher
Que apanharam

Cada grão de sal
É uma gota de lágrima
Do índio que mataram
Do mineiro que exploraram

Cada grão de sal
É uma gota de lágrima
Da opressão policial
Contra homossexuais e marginalizados

Cada grão de sal
É uma gota de suor do boliviano
Que trabalha de sol a sol
Extraíndo nosso sal

Cada grão de sal
É suor do mineiro oprimido
Que sofreu nas montanhas de Potosi
Enriquecendo os barões do estanho

Cada grão de sal
É o suor do costureiro
Que trabalha como escravizado
Nas confecções brasileiras e argentinas

Cada grão de sal
É o suor do castanheiro em Pando
Que ajuda a proteger a Amazônia boliviana
É suor do pecuarista no Beni das enchentes

Cada grão de sal
É o suor do cortador de cana
Esmagado pelo homem e a moenda
Nos engenhos de Santa Cruz

Cada grão de sal
É suor do agricultor em Cochabamba
É suor do vitivinicultor em Tarija
É suor do sojicultor em Santa Cruz

Cada grão de sal
É suor do trabalhador
Que planta um mar de batata e milho
E cria um mar de camélidos no Altiplano

Cada grão de sal
É o suor da alegria
Do homem da terra
Que constrói sua canoa de totora

Cada grão de sal
É o suor da alegria
Cantada por quéchuas e aimarás
Em suas zamponhas e sicuris

Na imensidão branca do Salar do Uyuni
Testemunhada por ilhas rochosas
Povoada com cactos gigantes
Cada grão de sal tem seu valor
Bruno Valverde
Enviado por Bruno Valverde em 06/11/2017
Reeditado em 25/07/2018
Código do texto: T6164292
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