TOCA O TELEFONE

TOCA O TELEFONE

Numa linda manhã de Maio, o sol entrava no meu quarto com mais intensidade do que nunca, talvez por isso eu acordara mais cedo. Olhei o relógio, marcava 8 horas e 45 minutos, pensei: - Não pode ser, meu Deus! É de madrugada, estiquei-me na cama e fiz uma preguiça, voltei-me para o outro lado e aconcheguei-me na almofada. Depressa adormeci novamente. Eis se não quando o telefone que todas as noites levo para a mesa-de-cabeceira, dera o ar da sua graça. Meio acordada meio a dormir, peguei nele, pressionei um botão qualquer e tentei ouvir quem me chamava do outro lado da linha e nada, ninguém falava e o desgraçado parou de tocar. Continuei dormitando e ainda não tinham passado dois segundos, ele chamava-me novamente. Repeti os movimentos feitos anteriormente apenas mudei de tecla com toda a certeza pois sem óculos era possível ter-me enganado e tudo se repete, aquela coisa tão pequenina traiu-me outra vez. Como a sonolência persistia, continuei dormitando para mais uma vez e passados dois segundos voltar a aborrecer-me. Novamente eu ficara sem saber o que ele queria. Então decidi pôr os óculos e descobrir quem tanto queria falar comigo. Carreguei no botãozinho preferido dele e lá estava o nome FUTUREKIDS. A fim de evitar mais trocadilhos liguei para o nº indicado no ecrã para falar com a menina Sílvia única pessoa que pudesse querer ligar para mim. Atendeu-me uma voz magnífica que me disse: - Futurekids, Barreiro, Bom Dia, ao que eu respondi prontamente com um grande Bom Dia. Perguntaram-me de lá, quem está a falar?

Respondi: - Então ainda não conheceu minha voz? Será possível? Aí, a linda voz acordou-me de vez, quando me disse: - Eu não sou a Sílvia!... Baldes de água fria vieram sobre mim. Gelifiquei, o que diga-se de passagem não é preciso muito. Seguiram-se alguns segundos de silêncio ao fim dos quais abri a boca e pedi todas as desculpas e mais algumas, dizendo:

- Sou a mãe da Sílvia. A gargalhada foi geral e a Sílvia veio ao telefone para me dizer que nem sequer tinha sido ela que queria falar com a mãe desastrada.

Então, desta vez já acordada e de telefone em punho disse:

- Tenho que saber quem te fez falar. Neste preciso momento, o imbecil toca novamente e no seu mostrador evidencia claramente um grande despertador que saltitava diante dos meus olhos incrédulos.

Olhei para ele e pensei constrangida: - Coitado, só me queria acordar! Na realidade tinha sido eu que o incumbi dessa missão