QUERUBINS

QUERUBINS

Rosto imundo.

Barriga inchada.

Olhar Petrificado.

De vermes é entupido.

Entre os dedos do pé, lama.

Entre os poucos cacos, buracos.

Entre unha e carne, sujeira.

Entre as pelancas, coceira.

Seus poucos trapos fedidos.

O nariz é só secreção.

No estômago um ronco horrível.

Cai e rola no chão.

Um passeio pela praça.

Avista seu bando colado.

Um momento de desgraça.

Aconchegando-se ao seu lado.

Uma gosma escorre da boca.

Seu olhar transpassa a vitrina.

Vislumbra a imagem de um doce.

Nas mãos de uma menina.

O mal espeta o seu corpo.

E a dor toma conta de si.

Da boca agora sai sangue.

E os vidros começam a cair.

Seus passos determinados.

Os dentes vão-se a ranger.

O olhar da pequena amedrontada.

Que apavorada começa a desfalecer.

Um frio corre a espinha de todos.

O pavor toma conta da multidão.

Um projétil rasga o suspense da cena.

E um pobre e inocente coração.

Os aplausos recompensam o herói.

Sobre o corpo sangrando no salão.

Morrendo com a fome que dói.

Esmagando o doce na mão.

Agora socorrem o anjinho.

Que sofreu com tanta aflição.

E, pisoteiam o outro anjinho.

Que nasceu, viveu e morreu feito um cão!

Elbert Almeida
Enviado por Elbert Almeida em 10/09/2007
Código do texto: T647067