QUERUBINS
QUERUBINS
Rosto imundo.
Barriga inchada.
Olhar Petrificado.
De vermes é entupido.
Entre os dedos do pé, lama.
Entre os poucos cacos, buracos.
Entre unha e carne, sujeira.
Entre as pelancas, coceira.
Seus poucos trapos fedidos.
O nariz é só secreção.
No estômago um ronco horrível.
Cai e rola no chão.
Um passeio pela praça.
Avista seu bando colado.
Um momento de desgraça.
Aconchegando-se ao seu lado.
Uma gosma escorre da boca.
Seu olhar transpassa a vitrina.
Vislumbra a imagem de um doce.
Nas mãos de uma menina.
O mal espeta o seu corpo.
E a dor toma conta de si.
Da boca agora sai sangue.
E os vidros começam a cair.
Seus passos determinados.
Os dentes vão-se a ranger.
O olhar da pequena amedrontada.
Que apavorada começa a desfalecer.
Um frio corre a espinha de todos.
O pavor toma conta da multidão.
Um projétil rasga o suspense da cena.
E um pobre e inocente coração.
Os aplausos recompensam o herói.
Sobre o corpo sangrando no salão.
Morrendo com a fome que dói.
Esmagando o doce na mão.
Agora socorrem o anjinho.
Que sofreu com tanta aflição.
E, pisoteiam o outro anjinho.
Que nasceu, viveu e morreu feito um cão!