JARDIM DO INFERNO

No jardim da promiscuidade

Bailam borboletas radioativas

De asas cor de chumbo

Antenas contaminadas

Em um vôo de pura ignomínia

Jardim de rosas doentes

De solo contaminado

Onde prolifera a corrupção

Proxenetas rastejantes

Gigolôs do erário público

Edires a serviço do privado

São umas das pragas desse jardim

Onde rastejam vermes medíocres

Voam insetos hipócritas

E cantam pássaros amestrados

No jardim da promiscuidade

Os anjos são de podre barro

Os santos são horripilantes miragens

E o céu é formado por nuvens de lodo

Que chovem o ocre odor da falsidade

No jardim da promiscuidade

As flores têm cheiro de carniça

Os espinhos são línguas de navalhas

E as pétalas são frases idiossincráticas

A caírem no pantanoso chão de víboras

Por onde trafegam meus inimigos

Com ares de doutos benfeitores da moral

Vestidos forjados de cristalina ética

Esses abutres do consumo

E tudo que digo assumo

Vocês são o que há de mais podre

Nesse asqueroso jardim de superficialidades

LEILSON LEÃO

Leilson Leão
Enviado por Leilson Leão em 20/09/2007
Código do texto: T660729