FOGUEIRA

Das chamas na madrugada escura

Pouco restou ao Sol da manhã...

Condenadas pela Santa Inquisição

Medievais lançavam impuras

Almas pagãs ao fogo eterno de Satã...

Hoje na Ignorância da Exclusão

Arderam também algumas almas cristãs...

A fé ficou no limite da paciência...

Fumaça misturou-se à poluição da cidade...

Na fria contagem da sobrevivência,

Esperanças jogadas ao chão...

Na falta de documento de identidade,

Um reconheceu os trapos do irmão...

Na lista de mão em mão,

Lamentaram o nome de antigo

Companheiro de abrigo

Ruas interditadas... barracas nas calçadas...

Famílias espalhadas dividem comida,

Juntando as sobras pra seguir a vida...

Cada um partirá para seu canto...

Nenhum será ungido santo...

Luzes... Câmera... Ação

Microfones do rádio e televisão

A manchete do primeiro momento

Sucumbirá ao pé da página do esquecimento

O entrevistado, com certo ar de tédio,

Garante que no local do prédio,

Se houver verba, será feito um parque

Quem sabe chame-se Joana D’Arc

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 09/02/2020
Reeditado em 09/02/2020
Código do texto: T6861940
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