CONTO CURITIBANO

Chega a noite

e com ela o abandono.

Ainda não é outono

mas as folhas caem

como lágrimas de chuva.

No alto da árvore nua

Curitiba desabrocha

e em pleno verão

desperta o frio

que corre nas veias.

Gelado lá fora

gelado nas almas.

Talvez por isso a cidade

ainda esteja calma.

Ou é porque o terror

ficou recluso

nalguma periferia

uma Corbélia ardendo

enquanto o prefeito

reclama do cheiro

de carniça pobre:

em sua onírica ode

o vasto parco povo

aceita graciosamente

(e inodoro)

do fausto o farto sovo.

Rodolfo Kowalski
Enviado por Rodolfo Kowalski em 09/02/2020
Código do texto: T6861973
Classificação de conteúdo: seguro