AIDS EXISTENCIAL
A aids tem muitas dores.
A dor de doenças ardendo o corpo.
A dor de perverter valores
e a da exclusão de amores.
A dor social do preconceito morno.
A dor da lenta agonia
de quem já se sente morto
e tem que andar todo dia
sem sentir o chão.
A dor de ser fútil, um peso inútil.
A dor do olhar dos outros
e a da fria silhueta muda
no espelho das virtudes
que não mais reflete a aura.
A dor de ter toda a culpa
-Gênese dessa tal aids mental-
E a dor que vem de Deus
preterida em vieses ateus.
Cada indivíduo carrega uma história.
Qual a saída?
Se coquetel é sinônimo de festa,
o da aids é como uma fresta
para o futuro,
qual um astro sulforoso e falseteado,
aponta ângulos de vento sem rastro,
desnuda essa tal adesão carente de lastro.
A saída é reciclar o sujeito!
As pessoas acumulam dejetos sem uso.
Há que aprender a reciclar lixo sujo!...
Há também um ponto em que a vida se recicla
arrostando-se ao desuso.