OS INTOCÁVEIS

Os nobres de preto

são frutos do Olimpo,

em voga intocável,

na pós-mordenidade,

sequelas da cultura,

vultos imponentes,

em vitaliciedade.

Não são imortais,

mas são incomuns,

com superpoderes

da própria moldura.

Os nobres de preto

não adoram a Temis,

como fingem adorar,

e não são templários,

tampouco samurais,

são absolutos,

na batalha oculta,

algozes da candura

e mais que verdugos

dos seus oponentes.

Capas e insígnias

da moralidade...

Dizem-se supremos,

Fazem-se supremos,

sentem-se divinos,

a própria encarnação

da invencibilidade.

Os nobres de preto

não são marginais,

são filhos da lei,

da lei dos patrícios,

guardiães da ordem,

da ordem da gema...

São supraterrenos,

em seus pedestais.

São inquestionáveis,

são inabordáveis,

são inabaláveis,

perante outros tais.

Os nobres de preto

não estão sujeitos

a mensuração,

tampouco a punição,

não podem ser alvos

de apreciação,

pelo homem comum,

pois, não são passíveis

de averiguação.

Os nobres de preto,

embora mortais,

são ditos semideuses,

noutra dimensão,

para além dos normais.

Senhores dos verbos,

a pregar a isonomia,

a pregar a dignidade,

a pregar a igualdade,

a pregar a liberdade...

Pura hipocrisia,

espúrios mensageiros

da democracia.

Os nobres de preto

não partilham pães,

não gozam direitos,

não seguem editais,

transigem interesses,

são a própria face

da aristocracia,

nos dias atuais.

Mas, dissimulados,

vendem ilusões

aos que acreditam

no mito da fada,

no conto do vigário,

na voz da acrópole,

que os tais intocáveis

são bons em propalar,

ainda que empolada.

Messias, 02.06.2020

Mano Messias
Enviado por Mano Messias em 04/06/2020
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