BALA PERDIDA
Parece coisa recente.
Há quanto tempo encontram-se perdidas?
Diz a história
que em novembro de 1910,
na revolta da chibata,
os marinheiros organizaram uma revolta na Baía da Guanabara
em protesto contra os castigos a que eram submetidos.
Ameaçaram bombardear a cidade.
E teriam dado alguns tiros por sobre ela.
Acabaram anistiados.
Diante do indulto geral,
todos se acomodaram na dissolução do tempo.
Sem chibata viveram felizes até o fim de seus dias.
Alguns encontraram outros couros pela vida,
o que já é outra história.
As chibatas, sedentas,
também se resolveram
ao rebento de outras carnes.
As balas,
ah! essas, continuam perdidas...
As vítimas, ainda poucas,
se dissolvem em lágrimas pontuais.
A anistia vem de longa data.
Cursa prisões abertas e liberdades desassistidas.
Nada é novo.
Novo, nós, os viventes desses tempos...
Em tempo,
leitor afeito:
Ontem, uma bala perdida
achou um menino perdido.
Par perfeito?!