Pandemia

Coisa estranha ficar em casa,

e o mundo rugindo lá fora.

Coisa estranha o tempo passar,

e eu não posso passar pela porta.

Trancafiado, sufoco de tédio,

pra não sufocar num leito sozinho.

Conformado, eu mato o tempo,

pra não morrer num hospital frio.

Não acredita ? Vai pagar pra ver ?

Tu nem enxerga o que mata você.

Doença malvada, matou tanta gente.

Por que com você vai ser diferente ?

Te vejo pra lá e pra cá,

Zanzando e zombando do vírus danado.

Teu coração ri da desgraça ?

Talvez teu pulmão não ache engraçado.

Quarentena furada, festa clandestina, aglomeração.

Um bando de gente esquisita, sem noção.

Posso estar errado. Se estiver, me diga.

Mas acho que estávamos, doentes antes da pandemia.