SONHOS ENTORPECIDOS
Ao tragar aquela fumaça
Ele acendia sua desgraça,
Tornava-se escravo de um vício.
Que o jogaria no precipício.
Envolvia-se por uma alegria contagiante
Que durava apenas alguns instantes,
Mas quando passava o efeito,
Voltava àquela velha dor em seu peito.
E a fumaça virou pó,
Depois pedra, algo injetável,
E mesmo assim sentia-se só,
Perdido e cada vez mais miserável.
Da criança pequena e amada
Resta muito pouco ou quase nada,
Apenas um corpo completamente perdido,
Sem vida, sem esperança. Entorpecido.
Todos os sonhos foram queimados,
Sugados por alguma seringa contaminada,
E seu corpo hoje todo picado-
Abriga apenas uma vida destroçada.
Não há mais sonhos ou dignidade,
E o que começou como curiosidade
Nos tragos, cheiros, picadas,
Matou o homem a golpes de “pedradas”.
Vendo-se morto e abatido,
Ele nada consegue fazer,
Foi pelo tormento vencido,
Agora só resta em vida morrer.
E a mesma dor lhe acompanha,
Somada a uma outra ainda pior,
Nascida de uma fraqueza tamanha
Que torna o sofrimento ainda maior.
Acreditou nos sonhos de fantasia,
Viveu uma vida triste e vazia,
Deixando de lado tudo que aprendeu
Agora não pode voltar atrás – morreu!
Seu corpo esquelético, em algum lugar esquecido
Será apenas mais um a virar estatística
Em algum instituto de pesquisa,
Sem nome, sem história, sem vida!