SONHOS ENTORPECIDOS

Ao tragar aquela fumaça

Ele acendia sua desgraça,

Tornava-se escravo de um vício.

Que o jogaria no precipício.

Envolvia-se por uma alegria contagiante

Que durava apenas alguns instantes,

Mas quando passava o efeito,

Voltava àquela velha dor em seu peito.

E a fumaça virou pó,

Depois pedra, algo injetável,

E mesmo assim sentia-se só,

Perdido e cada vez mais miserável.

Da criança pequena e amada

Resta muito pouco ou quase nada,

Apenas um corpo completamente perdido,

Sem vida, sem esperança. Entorpecido.

Todos os sonhos foram queimados,

Sugados por alguma seringa contaminada,

E seu corpo hoje todo picado-

Abriga apenas uma vida destroçada.

Não há mais sonhos ou dignidade,

E o que começou como curiosidade

Nos tragos, cheiros, picadas,

Matou o homem a golpes de “pedradas”.

Vendo-se morto e abatido,

Ele nada consegue fazer,

Foi pelo tormento vencido,

Agora só resta em vida morrer.

E a mesma dor lhe acompanha,

Somada a uma outra ainda pior,

Nascida de uma fraqueza tamanha

Que torna o sofrimento ainda maior.

Acreditou nos sonhos de fantasia,

Viveu uma vida triste e vazia,

Deixando de lado tudo que aprendeu

Agora não pode voltar atrás – morreu!

Seu corpo esquelético, em algum lugar esquecido

Será apenas mais um a virar estatística

Em algum instituto de pesquisa,

Sem nome, sem história, sem vida!

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 07/11/2007
Código do texto: T726954
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