PARA NINAR GENTE GRANDE

Não importa que estejam de pés descalços, incautos;

Não importa que tenham as pernas tortas, rotas(ô);

Não importa que mostrem a pança, essas crianças;

Não importa que tenham vermes, nada as impedem;

Não importa que andem nuas, nas ruas;

Não importa que sejam paraplégicas, tetraplégicas;

Não importa que sejam nojentas, remelentas;

Não importa que estejam sujas, caramujas!

Não importa que sejam dentuças, banguelas;

Não importa que tenham caras abortadas, amordaçadas;

Não importa que tenham olhos arregalados, aboticados;

Não importa que sejam mendigas, com feridas;

Não importa que tenham cabelos pixains, sejam mirins;

Não importa que sejam excepcionais ou débeis mentais;

Não importa se nunca foram à escola, peçam esmolas;

Não importa que não tenham pais, estejam fora dos anais.

Importa que foram nascidas, estão crescidas;

Importa que tenham um futuro, essas criaturas;

Importa que são filhas de Deus, mesmo vivendo ao léu;

Importa que as tiremos do abandono, desse “sono”;

Importa que nos despojemos desse sistema;

Importa que cuidemos desse problema;

Importa que a realidade seja nossa, essa mossa!

E... importa, sim, ó cara pálida!

Tomemo-nos vergonha na cara!

Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino
Enviado por Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino em 20/05/2022
Reeditado em 20/05/2022
Código do texto: T7520082
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