Grito

Grito inaudível

Ao andar todos os dias

Pelas veredas da vida

A sentir na pele a injustiça que assola a sociedade.

Busco a arte

Para expressar o grito inaudível

Que do meu peito

Insiste sair.

Danço para mostrar

Que tu és igual a mim

E eu igual a ti

No compasso da música.

Dirás que não somos iguais

Financeiramente não

Mas onde tocas meus pés

Os teus não podes tocar.

Quem disse?

Sou livre!

Tenho livre arbítrio!

Vou onde quiser!

Mas a liberdade

Vai além de onde se deseja ir.

A liberdade está presa

Dentro de si mesma.

Liberdade...

Liberdade...

Liberdade...

Existe isso?

Não é só teoria?

Não é só neologismo?

Sinônimo de sujeição?

Ou mesmo alienação?

Se existe ou não,

Anseio por ela.

Do grito que assola meu peito,

Ela faz parte.

A arte grita liberdade

Solta o meu grito

Agita a sociedade

E faz refletir.

Danço...

Escrevo...

Pinto...

Componho...

Coloco para fora

Esse grito que insiste

Mostrar para que veio,

Mesmo calado.

A expressão fala mais que eu

E, silenciosa, diz mais que tu

Ao observar também calado

O que denunciamos.

A expressão fala mais de mim

Francilangela Clarindo
Enviado por Francilangela Clarindo em 29/09/2022
Código do texto: T7617059
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