A minha casa é este casaco surrado

A minha casa é este casaco surrado

O meu quintal é o que chamam de "mundo"

A fome que sinto é real

Mas a minha existência é um poço sem fundo

Apressados eles passam

Conheço seus rostos

Não olham, se esquivam

E fecham o semblante

Avante!

Olhando em frente

Rumo definido

E todos que sofrem, assim como eu, esquecidos

Às vezes aparecem, geralmente à noite, bem vestidos

Trazem um lanche, oferecem um agasalho, mas nunca um abrigo

Conversa é pouco

E o mais louco é o que trazem consigo

Celular em punho, registram o momento

Atento, eu finjo que não vi, finalmente aprendi

Não vale a pena

Sei que toda essa caridade, se medida com sinceridade, não aguenta verdade do poema

Eduardo Silveira de Menezes
Enviado por Eduardo Silveira de Menezes em 13/09/2023
Código do texto: T7884504
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