A minha casa é este casaco surrado
A minha casa é este casaco surrado
O meu quintal é o que chamam de "mundo"
A fome que sinto é real
Mas a minha existência é um poço sem fundo
Apressados eles passam
Conheço seus rostos
Não olham, se esquivam
E fecham o semblante
Avante!
Olhando em frente
Rumo definido
E todos que sofrem, assim como eu, esquecidos
Às vezes aparecem, geralmente à noite, bem vestidos
Trazem um lanche, oferecem um agasalho, mas nunca um abrigo
Conversa é pouco
E o mais louco é o que trazem consigo
Celular em punho, registram o momento
Atento, eu finjo que não vi, finalmente aprendi
Não vale a pena
Sei que toda essa caridade, se medida com sinceridade, não aguenta verdade do poema