Crânios e balas

Um grito de esperança avisto

na colina da utopia vã,

os destroços não me impedem

de andar sobre ossos injustiçados por ti.

Os crânios beijados por crivadas balas

beijam bocas de vermelho vinho

que vos embriagam sem razão,

a mesma boca protestada,

injuriada, calada e mortificada.

Tem olhos sem vistas do sofrimento,

olhando diáfanas passagens do abismo,

que por graças não se veem morrer;

tem sussurros da fantasmagoria

arranhando vossas carniças d’alma,

ensurdecidas pelo raio da bomba.

O romance que vos dá moral de matar

é a soberba do teu povo sofrido:

outrora deveria ensinar com dor,

mas com dor ferem os não escolhidos.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 25/10/2023
Reeditado em 15/05/2024
Código do texto: T7916776
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.