Inundação Colorida

Pelas ruas, ficam jogadas as garrafas.

Os seus cacos não encontram destino.

Tiram o ar de motoristas nas furadas

dos pneus que cantam no sol a pino.

Na verdade, o verde queria ser seu lar.

Não o da mata, mas sim o das lixeiras.

Ali arma metálica é coagida a amarelar,

derreter-se num verão com mais telhas.

Útil troca também seria se revólver atirasse

só feliz estação plastificada por brinquedos

que avermelhassem nas crianças suas faces

e depois o lúdico em chuva de arremedos.

Futuro existe para matéria reaproveitada.

Só assim árvore perde seu verde no corte

para ser processada, riscada, rasgada

e ainda conseguir na lata azul outro porte.

Não dá para justificar tamanho desperdício.

Rio do rio de lixo ou transpareço ter sonho,

como se não notasse o quanto é propício

da transparente consciência tomar banho?

Abandonemos história de abandonar na rua

matéria sem vida, represando tantas vidas

nas casas saciadas de política e falcatrua.

Alagamentos precisam de pessoas amigas.

O mundo tem sede de indistinta recíproca,

de informação universalmente potável,

como a água, que sempre engloba amável

a nós em sua refrescante realidade cíclica.

Mário Teixeira
Enviado por Mário Teixeira em 02/01/2008
Reeditado em 22/02/2008
Código do texto: T800294
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