Inundação Colorida
Pelas ruas, ficam jogadas as garrafas.
Os seus cacos não encontram destino.
Tiram o ar de motoristas nas furadas
dos pneus que cantam no sol a pino.
Na verdade, o verde queria ser seu lar.
Não o da mata, mas sim o das lixeiras.
Ali arma metálica é coagida a amarelar,
derreter-se num verão com mais telhas.
Útil troca também seria se revólver atirasse
só feliz estação plastificada por brinquedos
que avermelhassem nas crianças suas faces
e depois o lúdico em chuva de arremedos.
Futuro existe para matéria reaproveitada.
Só assim árvore perde seu verde no corte
para ser processada, riscada, rasgada
e ainda conseguir na lata azul outro porte.
Não dá para justificar tamanho desperdício.
Rio do rio de lixo ou transpareço ter sonho,
como se não notasse o quanto é propício
da transparente consciência tomar banho?
Abandonemos história de abandonar na rua
matéria sem vida, represando tantas vidas
nas casas saciadas de política e falcatrua.
Alagamentos precisam de pessoas amigas.
O mundo tem sede de indistinta recíproca,
de informação universalmente potável,
como a água, que sempre engloba amável
a nós em sua refrescante realidade cíclica.