Poeta non grato
na varanda, aflições
orações não ouvidas
a desgraça comensal
abraça-beija anfitriões
lá o tempo foge
sufoca um vento ruim
lá, outrossim, é inverno
inferno Elysium
mesas vazias, peitos secos
portas, janelas e paredes
sedes e fomes sem saída
para o regozijo dos vilões
não há mais vilarejo aqui
e nem lá há mais coração
explodiu, explode, explodirá
bombas, pessoas, cinismos
por cá, em lares ocidentais
o sabor invertido das notícias
ode às estultícias do império
ditas em sério por gazetistas
do terrorismo, os terroristas
quem verdadeiramente são?
velejar é enjoar em alto-mar
é desengolir azias existenciais
sublinhar a feiúra do mundo
faz-me, sim, poeta non grato
em terras de genocídios verbais
desconvidado estou dos recitais