Poeta non grato

na varanda, aflições

orações não ouvidas

a desgraça comensal

abraça-beija anfitriões

lá o tempo foge

sufoca um vento ruim

lá, outrossim, é inverno

inferno Elysium

mesas vazias, peitos secos

portas, janelas e paredes

sedes e fomes sem saída

para o regozijo dos vilões

não há mais vilarejo aqui

e nem lá há mais coração

explodiu, explode, explodirá

bombas, pessoas, cinismos

por cá, em lares ocidentais

o sabor invertido das notícias

ode às estultícias do império

ditas em sério por gazetistas

do terrorismo, os terroristas

quem verdadeiramente são?

velejar é enjoar em alto-mar

é desengolir azias existenciais

sublinhar a feiúra do mundo

faz-me, sim, poeta non grato

em terras de genocídios verbais

desconvidado estou dos recitais

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 02/03/2024
Reeditado em 04/03/2024
Código do texto: T8011107
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