MEU CARO CARLOS PENA
Carlos Pena, meu caro Carlos Pena
Acabou-se o bairro de Santo Antônio
Lá surgiu uma espécie de gangrena
Que constrange e incomoda até o demônio
Está mais pra o Vale dos Suicidas
Com pessoas infringindo a Lei da Vida
O relento expondo toda a umidade
De uma coletividade desunida
E quem vai até o Centro da Cidade
Na ilusão de beber no Bar Savoy
Só encontra destroços obscuros
De um passado que tão somente remói
Os copos que tanto decantaste
Pertencentes a trinta homens sentados
Por mais que tu hoje ambicionaste
Nunca mais, em refrão, serão cantados
Carlos Pena, o bairro que tu legaste
Hoje está triste, sujo e abandonado
Só existem “bichos humanos”,
Falou um desembargador
Famintos, imundos, insanos
Instigando a civilidade
E neste ambiente profano
Que é uma jaula sem grade
O lamento é artesiano
O peito chora de saudade
Não quero ser um leviano
Enxergo, triste, outra cidade.