Chuvas

O homem construiu.

Para construir,

Cavou e desmatou

Aterrou, modificou

O homem se espalhou

Para se espalhar

Destruiu.

O homem lucrou

E para lucrar mais

Destruiu sem pestanejar.

Não foi só para morar

Nem só para comer.

Foi para acumular.

A chuva, choveu

O rio encheu

Encheu

Vazou

O que o homem construiu

A água encheu,a água levou.

Levou a casa grande e o barraco

Levou de quem se acha rico

Levou do trabalhador

Levou de quem nem pensou em lucrar

Levou de quem destruiu e de quem preservou

Pois a natureza é cega em seu sofrimento

Sua fúria desconhece fronteiras

Chove aqui, seca acolá

Inunda aqui, incendeia ali.

Morre gente, morre bicho, morre planta.

O lucro de uns poucos

É garantido pela tragédia de tantos.

A culpa não é da água, da chuva

A culpa não é do Rio.

A culpa é de quem permitiu

Que o progresso ferisse a Terra

De quem em nome do lucro

Do dividendo, da propina

Disse amém aos desmandos

ao ecogenocídio

Passando boiada

Na canetada.

Na hora da tragédia

A bancada do boi

Nem dá um oi

A bancada da bala

Muda o assuntou ou se cala

E a bancada da Bíblia

Põe a culpa no imaginário pecado.

Pois a culpa é deles e eles colocam

Em quem quiserem.

Respiram impunidade. Transpiram maldade.

Sem arrependimentos, esquecem o povo

Hipócritas, eles seguem orando:

Em nome do dinheiro, amém.

Até o dia em que a natureza os atinja também.

Bob Regina
Enviado por Bob Regina em 05/05/2024
Código do texto: T8057058
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