Vila Rica

Vila Rica

No ventre das montanhas, cenário alpino,

Torres são erguidas e apontam para o céu...

Vila Rica, burgo pequenino, subindo a encosta,

É um luminoso véu, a entrar no ventre seco...

Da janela tudo vejo e vejo tudo, vejo brasões

De ouro e festas e apogeu, ouço o bimbalhar do sino

E a velha Vila Rica no esplendor do sol a pino,

E arcos de pedras erguidos, as pedras de cal...

Da janela que tudo vê e vê tudo, vê tirania entre

Grandezas, botas batem nas pedras, pedras caiadas

De cal, coches reais rolando com altezas, pendões ao vento,

Em corsos triunfais, e os arcos de pedra afiada,

Somente pó e matéria nas mãos operárias...

Nada restou além das montanhas e das pedras...

Fim a tanta gala! Liberdade! Fulge e se perde...

Feriu ferida funda e o sangue correu...

Conspira a solidão da montanha e sangue sugando

A serra, velando a alma exilada nos caminhos da

Montanha...

Marta Peres

Marta Peres
Enviado por Marta Peres em 20/01/2008
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