No Dentista

Como a putrefata cárie é cuspida

Por minha boca em uma cadeira de melhoras

Alivio a alma em posse das ciladas conjuradas

Vomitando abstração em essência nas palavras

Que tradução nenhuma passa

Senão a forma anestésica.

Ouço motores em versos modernos

Entrego o anseio de peso concreto

Torno – me passado e reverbero

Então se arranca a dor e os dentes mastigam banguela

Sangue que inunda a boca , emudece a voz

E abençoa a guerra

São 32 dentes e um siso que não vem

É uma gente grande que aguarda a cadeira e sua vaga

Cachaça ou faz um canal

Porque desce a baba negra e toda acinzentada

A vida é um amálgama

Que restaura nossa origem

Mas se arrancam a raiz

A dor se invalida

Some como a nossa vida

E meus dentes na cadeira do dentista

Ritual
Enviado por Ritual em 24/01/2008
Reeditado em 25/01/2008
Código do texto: T831328