No Dentista
Como a putrefata cárie é cuspida
Por minha boca em uma cadeira de melhoras
Alivio a alma em posse das ciladas conjuradas
Vomitando abstração em essência nas palavras
Que tradução nenhuma passa
Senão a forma anestésica.
Ouço motores em versos modernos
Entrego o anseio de peso concreto
Torno – me passado e reverbero
Então se arranca a dor e os dentes mastigam banguela
Sangue que inunda a boca , emudece a voz
E abençoa a guerra
São 32 dentes e um siso que não vem
É uma gente grande que aguarda a cadeira e sua vaga
Cachaça ou faz um canal
Porque desce a baba negra e toda acinzentada
A vida é um amálgama
Que restaura nossa origem
Mas se arrancam a raiz
A dor se invalida
Some como a nossa vida
E meus dentes na cadeira do dentista