SINAIS DOS TEMPOS

Mãos que abraçam restos de caridades,

negadas das bocas dos homens,

encontram nas bocas dos lixos da cidade

vastas ceias sujas em que se escondem

a fome profunda da fraternidade.

Uiva o homem que devora o homem,

lua cheia que forja a realidade

de unhas e mordidas de lobisomen

e rastros de horrores em toda parte.

Vencem nas valas escuras que comem,

engolem os restos de humanidade,

e almas sangram aos montes,

revelados em olhos de enfermidade.

Onde do coração ergue-se bem longe,

e vinga a globalização que tem como paisagem,

o mal cheiro em cada canto de onde

canta-se a violência em liberdade.

Naldo Coutinho
Enviado por Naldo Coutinho em 12/12/2005
Reeditado em 17/12/2005
Código do texto: T84942