SINAIS DOS TEMPOS
Mãos que abraçam restos de caridades,
negadas das bocas dos homens,
encontram nas bocas dos lixos da cidade
vastas ceias sujas em que se escondem
a fome profunda da fraternidade.
Uiva o homem que devora o homem,
lua cheia que forja a realidade
de unhas e mordidas de lobisomen
e rastros de horrores em toda parte.
Vencem nas valas escuras que comem,
engolem os restos de humanidade,
e almas sangram aos montes,
revelados em olhos de enfermidade.
Onde do coração ergue-se bem longe,
e vinga a globalização que tem como paisagem,
o mal cheiro em cada canto de onde
canta-se a violência em liberdade.