ESCRAVIDÃO
ESCRAVIDÃO
Desce o látego sobre ombros esqueléticos,
Sob o olhar aterrorizado da multidão,
Nem mesmo os clamores proféticos,
Podem implorar ou suplicar o perdão.
Rostos contraídos em expressão de agonia,
Cabeças curvadas sob o peso dos grilhões,
Ante o labor incessante do dia a dia,
Do restrito mundo mudo das multidões.
Toda voz que se levanta é sufocada,
Em nome da disciplina e da ordem,
Sempre, sempre a norma é invocada,
Para os descontentes que discordem.
Dura luta travam os trabalhadores,
De um lado a dura e eterna faina,
De outro a sanha doida dos opressores,
Mais ainda o labor que não se amaina.
Ainda que a morte tire e destrua,
Do caminho alguns dos opressores,
Sempre haverá quem os substitua,
Pois a vida é feita de imitadores.
JOSE BENEDETTI NETTO