AUSÊNCIA PATERNA

AUSÊNCIA PATERNA

Extrapolei minhas forças, ultrapassei limites...

Preservei o meu caráter e aprimorei atitudes...

Usei toda a competência, e fui até onde pude...

Em troca tive o descaso, broncas e chiliques...

Sua ambição menospreza o fruto do meu suo...

As rotinas de grandeza tomam seu tempo útil,

Dedicando-o diariamente numa atividade fútil;

Torrar nossas economias pra eu desfazer o nó...

Você gasta sem critério, mina o próprio futuro...

Na escola, não estuda e toma a vaga de alguém...

Universidade pública, onde só entra quem tem...

E reclama do governo, pedindo um país seguro...

Ri dos colegas pobres e se afoga na arrogância...

Cega-lhe as qualidades de quem luta pela vida,

Trata-lhe com gentileza, inda que não merecida,

E batalha pela sobrevivência desde sua infância...

Dizer que não pediu pra nascer é seu argumento

Para não assumir as responsabilidades que tem...

Não posso transformar ou forçá-lo a ser alguém,

Dou exemplos e recursos e o meu discernimento...

Sua vida é exclusiva e é você quem vai vivê-la...

Meu tesouro é meu fracasso, fui o pai moderno,

Que dedicado à carreira não percebeu o inferno,

Solapando a sua família até o ponto de perdê-la...

Represento a classe média alta, em moral falida,

Sou exemplo da ausência paterna em dá limites...

Ter recursos não inibe no delinqüente, o apetite...

Essa poesia é ficção, mas a realidade é parecida...

Jacó Filho
Enviado por Jacó Filho em 29/02/2008
Reeditado em 29/02/2008
Código do texto: T880575
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