História do Caboclinho d’água

Foi lá pr’aquelas bandas

Quando deixei minha terra

Às margens do Rio Doce

Juntinho do pé da serra.

Contam os antigos dali

Que, na banda de lá do rio,

Reinava um povo valente

Que dava medo e arrepio.

Moravam no fundo d’água

Mas tomavam conta da serra.

Faziam coisas ali, que dava medo e pavor.

Tombavam canoa do rio

Viajante e pescador

Corriam com homens valentes

Pistoleiro e caçador.

Pequeno era o seu tamanho.

A feiúra estonteante.

O corpo de um menino

Com a força de um gigante.

Reinavam e vigiavam

As bandas de lá do rio

De onde se podia ver

O peixe crescer sadio

A paca e o tatu viveram

Sem medo do desafio

Até a pintada sofrida

Seguir o ciclo da vida.

Caboclinho se foi.

A fauna se apavorou.

O homem subiu a serra

E de lá de cima voou.

Corre bicho sobe gente

Visitante predador.